21.10.05

Horas incertas

(Tudo bem, pessoal? Este poema foi baseado no conto de Machado de Assis, intitulado "O Relógio de Ouro" (leitura recomendadíssima!). Confiram, abaixo...)


Ó mulher, teu olhar dissimulado
Faz-me querer saber mais dos fatos.
Quando te esquivas, começo a perder
A noção dos meus atos.
O que este relógio faz nesta casa,
E por que finge nada saber?
Estes minutos inúteis
E teus gestos fúteis
Despertam em mim
Violência e ignorância,
Visto que esta história
Está longe de um fim!

Ah! Eis que chega teu pai.
Por um momento, deixo para depois
Continuar com teu sofrimento.
...e quando, no quase jantar,
Teu pai me faz lembrar
Que faço anos amanhã,
Não posso dizer aqui
Quão grande foi meu arrependimento!...
Peço desculpas, te imploro perdão!
Mas quando me dizes que não,
Que nada disso é verdade,
Não consigo manter minha mente sã!

Basta!
Desta feita,
De nada adianta a distância.
Quando não tenho o que quero,
Vou até a última estância!
Subitamente, te encaro:
Diga-me agora!
Porque ninguém lá fora
Poderá te livrar!
Fale-me – ou vou te matar!
Mas o bilhete que mostras
Faz-me perder as apostas...

Como posso explicar
O bilhete, o relógio,
Tudo o que há,
Se estou a mercê de um motim,
Que não foi criado por mim,
Mas por alguém que se diz minha?
Uma tal,
Não sei se do bem ou do mal,
Mas... quem saberá?
Só sei que esta desventura
Que só me trouxe amargura
Tem um nome:
Iaiá...