14.11.05

Insurreição

Ele estava somente ali,
Parado, sem nada a querer.
Suas vontades, controladas,
Seus fracassos, compensados.
Mas haviam diversos exércitos
Que com ele queriam guerrear:
Afirmavam:

"Não é possível. Como ele pode acreditar que o imperfeito é quase perfeito?"

Em seus caminhos, muito a trilhar.
Suas forças existiram,
Aguentaram,
Mas nada tanto há de durar.
Sua fraqueza
Seu bem-querer,
Os ideais,
Morriam em uma praia
Que nada tinha de deserta:
Alguns soldados diziam:

"Ó Lei das Leis, provaste agora a este infeliz
Que o sangue que molha as espadas
Fica marcado para todo o sempre,
Mesmo que rezem pedindo temporais!"

É sabido que todas as crenças
Podem se tornar cegas;
Também o é que nem toda luz pode ser contemplada.
Por isso, cruzadas surgiram,
Outros mártires sumiram.
Restou somente o além
Obstruído pelo aquém.
Milênios depois, semi-humanos encontraram
Assinalado em ruínas
De alguma selva-de-pedra:

"Te vais, e o que há de mais denso fica aguardando
Algum bravo retomar a caminhada:
Isto é indelével frente a qualquer vendaval.

Insurgir é preciso."