22.8.08

Sentidos

As pessoas já não olham mais ao redor. Se é que um dia olharam. "Pra quê?" "Não tenho tempo nem paciência". Já não dão (tanta) importância aos pombos e aos balões. Olhar para o céu, só em caso de avião, helicóptero ou suicídio. Olhando pra baixo, às vezes, demais.
Não estão vendo o que é belo. Só quando é muito, é estranho, ou o feio, quando assusta. Longe dos olhos, perto do coração? Ou vice-versa.
Admirar? Cobiçar? Quais os limites? E tudo na cidade segue uma linearidade tão sinuosa, ou então um sinuoso tão linear, que fica perdida a idéia de ser, estar diferente, realmente. Esquisito, melhor dizendo.
E essa segurança insegura, com uma insegurança tão confiável, que nos envolve a quase todo momento - pelo menos aos mais sensíveis.
O amor, sempre conveniente. Tá certo, não tão cruel, quase sempre, mas nunca incondicional. Quase nunca? Que provem o contrário.
E mais um expresso-para-os-lugares-de-sempre, sempre iguais e nem sempre diferentes, vem chegando. É melhor eu ir agora, me unir aos transeuntes: pelo menos, nesse caso, não tem um outro jeito, o que vale é o fluxo.